Como você se sente na rua?

Sim, na rua. 

Aposto as minhas moedinhas que sua vida também não é moleza, trabalho, faculdade, problemas para resolver, tudo isso pertence a nossa vida de uma forma tão louca. Parece que existe um ímã dessa loucura que nos atraia diretamente para ela, por mais que queiramos ficar em casa vendo filmes, comendo besteira, no sofá ou no nosso templo cama, é difícil, e ainda temos que arranjar tempo para nossos amigos, família, nossos companheiros e estudar aquela matéria de um dia que já acumulou  para o semestre inteiro. 

Bom, respondendo a pergunta, na rua eu me sinto bem, sempre tão ocupada, perto de tudo, consigo estudar, visitar meus amigos e ir trabalhar, me sinto eu mesmo, posso fazer o que eu quiser, ser a mulher de atitude que faz mil coisas ao mesmo tempo e a garota sensível que está podre de cansada de tanta coisa que faz, eu posso me vestir toda de preto ou toda estampada e colorida, passar meu batom nude ou aquele vermelho bem chamativo, eu posso usar acessórios escandalosos e não usar nenhum, posso ter o cabelo diferente todo dia,cacheado, liso, loiro, azul e rosa, poderia até ser um gibi, repleta de tatuagens. Ninguém se importa, ninguém importa, os olhares curiosos não me incomodam, pouco me importa o que os outros pensam, eu vivo do que penso.
 

Ninguém me aponta o dedo, me julga, as críticas são sempre com um tom de graça "Arianos",  mas em nenhum momento dizem o que devo,como devo fazer, como me portar, me vestir ou determinam a quantidade de mudanças que passo.

Mas em casa, eu me sinto sempre repreendida, a condenada por fazer " coisas  erradas",  a falsa moral mora lá, não posso me vestir como quero, não posso fazer tatuagem não posso pintar o cabelo, não  posso usar uma roupa muito curta, não posso gostar de caveiras, a desculpa é sempre a mesma, " porque? Vai ficar ridículo, isso é coisa de maloqueiro, de puta, o que isso vai te acrescentar,bla bla bla". 

É sempre um drama, um espetáculo, ataques deles e defesas minhas,eles não são conservadores são preconceituosos, como eu posso ter saído de um lugar assim?! Antes eu até tentava entender, " no tempo deles era diferente, as pessoas eram mais rígidas e tals, mas hoje em dia não é mais dessa forma, cada um vive sua vida e muda quando quiser.

Eu não me sinto em casa quando estou em casa. Eu sofro com a raiva, com a ansiedade de sair daquele lugar, eu nunca consigo descanse naquele lugar, minha mente parece ser torturada com esses discursos, uma prisão de julgamentos sociais.

Na rua eu me sinto bem, dona da minha vida, a liberdade transborda quando sento na janela do transporte e vou para a faculdade ou para outro lugar que me der na telha, eu vou entrar em todos lugares que me chama a  atenção, vou interagir com quem quiser.

Em casa eu não me sinto em casa.