Posso ser sincera?
Segunda-feira,
a primeira segunda-feira de retorno de minhas férias, cara, esses 12 dias
distante desse lugar (que para mim já deu á muito tempo) foram incríveis. Foi o
meu redescobrimento, eu sei o que eu gosto e como eu quero fazer, qualquer
coisa.
É tão desanimador
descer naquele ponto da João Dias, e disparar passos largos com medo de ser
assaltada naquele trecho que é perigoso até de dia, aí na curva do posto da Av.
Maria Coelho Aguiar já avisto o conjunto de minha angústia, o conjunto
empresarial do Centro Empresarial de São Paulo. Como eu odeio esse primeiro semáforo,
sempre demora para ficar verde para o pedestre ou então está quebrado, sem
contar que os motociclistas não respeitam a sinalização, alerta em dobro.
Ok, tem um
pequeno trecho de caminhada até o CENESP, que eu faço automaticamente sem
pensar em nada, finalmente chegamos em frente desse lugar lindo ( parece um
globo de neve, alimenta a ilusão que é um lugar legal), tem 3 lances de escadas
rolantes, quando chega no piso do
shopping, eu fico tão irritada, esses executivos que andam se arrastando, quase
mortos e não dão passagem pra você passar, eles “PARAM PARA CONVERSAR NO MEIO
DO CAMINHO, EM BANDOS, E NÃO DÃO LICENÇA, SEM-OR”, eu não tenho paciência já
fico irritada, e principalmente quando estou atrasada que eu só quero fazer o
caminho livre sem ter que correr e esbarrar em pessoas que são desagradáveis.
O elevador
acho que é o meio termo desse lugar, pois tem algumas pessoas legais para
conversar e tem aquelas que apertam o botão de fechar as portas, sendo que viu
você passar pela catraca com a intenção de ainda pegar aquele elevador, um
sentimento frustrado de portas que fecharam diante da sua face.
1º andar,
cheguei em meu “emprego medíocre”, haja paciência, eu tenho um preparo psicológico
antes de passar por aquele portal de tempo perdido, porta, eu até curto
a equipe que trabalha aqui, eu acho que me dou bem com a maioria, mas sempre
tem um ou outro desagradável, não sejam desagradáveis por favor, eu odeio dar
sorrisos amarelos, eu gostaria de ser sincerona falar “QUERIDA, PARA DE
MONOPOLIZAR A COPA, PORRA, PARE DE RECLAMAR DA VIDA, PARE DE SER DESAGRADÁVEL”,
mas não, simplesmente eu sou a tonta que pergunto “ posso almoçar agora, ouço
um não porque o recinto está lotado, volto depois e como com aquele resmungo
seco que tira o prazer do almoço feito pela mamis.
Por fim, tem
a mesa, 2 telefones, 1 computador e eu, durante 6 horas no período da tarde,
sem saber o que acontece no mundo lá fora, tem uma janela enorme na frente, mas
as cortinas estão fechadas, não tem demanda de trabalho e eu faço essa pergunta
todo dia “ porque ainda estou aqui, é um gasto desnecessário para a empresa”.
De verdade eu
não preciso estar aqui, mas para camuflar os 5 dias chatos, eu faço gastos desnecessários
e me distraio na ilusão do consumismo, compro coisas fúteis que passam a
sensação de plenitude, isso me faz estar aqui, para receber o salário e pagar
esses gastos.
Então estou
aqui porque eu quero, a responsabilidade é toda minha por jogar esse meu tempo
valioso no lixo por um luxo que é medíocre.